Perguntas Frequentes

1. O que mudou na vida do radialista do setor locução nos últimos anos?

Mudaram muitas coisas. Hoje o profissional tem mais tempo para o ouvinte, para planejar melhor o que vai dizer ao microfone. O comunicador precisa se reciclar mais do que a anos atrás, justamente para poder interagir mais com as novas tecnologias, com os novos conceitos. Não se contrata mais ninguém com tabus quanto à informática, ou seja, é preciso conhecer bem o micro, os sistemas operacionais, softwares de edição e gerenciamento de áudio, enfim, estar antenado nos novos equipamentos que invadiram os estúdios.

2. O que os computadores trouxeram de mudanças?

 A entrada dos computadores nos estúdios aposentou definitivamente  os antigos equipamentos periféricos analógicos, tais como, cartucheiras, pick ups (toca discos) e  gravadores de rolo. Foi fantástico, pois operar um estúdio até o meio da década de 90 era desgastante. O locutor tinha que colocar discos no ponto, operar cartuchos, cassetes e fitas de rolo simultaneamente à locução. Isto tudo gerava erros durante a execução do trabalho, o que provocava uma perda da qualidade estética da emissora no ar. Existem aqueles que ainda recordam com muitas saudades deste tempo, onde os locutores tinham mais autonomia durante o horário, ou seja, colocavam a mão na massa durante o programa. Observo nos dias de hoje, com que facilidade se leva um programa ao ar, um estúdio mais compacto, simples e racionalizado. O tempo que se economiza, sobra para o ouvinte, através de um contato mais interativo, seja por e-mail, pelo chat da rádio ou até pelo telefone. Quanto à produção de áudio, nem se fala na qualidade e na velocidade que o mercado ganhou com os sistemas de edição não linear.  Hoje se pode produzir um comercial, um jingle ou uma vinheta em tempo recorde. Isto enxugou custos e ampliou a qualidade do atendimento que o rádio pode oferecer ao mercado.

3. Quais as tendências do rádio na Internet?

O rádio atualmente, na web vive os mesmos dias do rádio de 1922, ou seja, um período de adaptações aos recursos que as novas tecnologias podem oferecer. O parque técnico da internet brasileira ainda precisa ampliar as ofertas de conexões em banda larga. Diferente do que já ocorre no Japão, por exemplo. As conexões, já são feitas por fibra óptica, o que dá mais qualidade na recepção dos conteúdos baixados pela rede. O rádio atualmente na internet não desempenha nem um décimo do que ele pode oferecer ao mercado. Bill Gates deu uma declaração em uma das edições da Revista Forbes de 1998, que o maior parceiro da Internet, como veículo de mídia era o rádio. isto devido a unisensorialidade, ou seja, a capacidade que o rádio dá a você de ouvi-lo e fazer outras coisas ao mesmo tempo.

4. As novas tecnologias diminuíram a mão de obra?

Sim, a tecnologia desempregou muita gente do mercado. É o lado injusto da tecnologia. Afinal sempre o papel das máquinas foi aprimorar serviços e reduzir custos. O mercado de mão de obra iria contribuir com sua parcela no processo de reengenharia das empresas de radiodifusão. Mas isto ocorreu só no rádio, observe que em todos os segmentos que receberam tecnologia para aprimorar seus serviços, sofreram este efeito, seja na agricultura, na indústria automotiva e até nas empresas de prestação de serviço, a tecnologia desempregou pessoas. Isto também aconteceu com a entrada da revolução industrial na década de 30, onde poucas máquinas começaram a fazer o trabalho que dezenas de homens faziam. O homem e o mercado precisam estar atentos às mudanças.

5. Qual o papel das novas tecnologias no meio radiofônico?

As novas tecnologias trouxeram ao rádio o máximo da sua própria essência, a velocidade, a instantaniedade, a mobilidade. Aprimorou a qualidade dos serviços prestados e a credibilidade na apuração do fato e da notícia. A tecnologia simplificou as coisas de maneira geral. Processos mais simplificados de edição de áudio, sistemas operacionais de gerenciamento e administração de redes via satélite deram ao rádio mais qualidade e credibilidade ao anunciante.

6. O rádio pode superar a tv algum dia?

Não, a imagem é tudo. Embora o rádio trabalhe com a imagem mental, jamais o ouvinte poderá construir uma idéia precisa do fato. Cada veículo cumpre com o seu papel na difusão do acontecimento ou da notícia. Quanto ao anunciante, o maior problema do rádio é o checkin da veiculação da grade comercial e os índices de verificação de audiência. As emissoras de rádio não possuem ainda, meios efetivos para a verificação de seus índices de audiência. Existem alguns sistemas que estão sendo testados no Brasil que favorecerão o meio. Mas por enquanto o rádio vai ter que se contentar com uma das menores fatias do mercado publicitário. Isto sem falar na falta de credibilidade que o meio plantou durante a sua história, através de radiodifusores pouco profissionais.

7. É importante o radialista se qualificar profissionalmente?

Sim, a mão de obra no rádio é qualificada, ou seja, você precisa ser treinado e preparado para desempenhar bem seu trabalho. Mas o radialista não deve fazer do registro profissional DRT um meio de estabilidade na profissão. É preciso estar atento e em constante trabalho de reciclagem a fim de aprimorar seus conhecimentos. Se foi o tempo das grandes vozes na garganta, com pouca coisa no cérebro. O comunicador precisa ter conteúdo, informação, opinião e muita cidadania. Só assim você pode dizer que o profissional pode ter estabilidade em um mercado tão concorrido e vulnerável às mudanças.

8. Como se tornar um radialista do futuro?

O profissional precisa estar consciente que as mudanças podem vir sem aviso. Vigiar constantemente as qualidades pessoais de relacionamento dentro do meio e um bom inter-relacionamento profissional são decisivos na hora de se manter no mercado. Quanto ao que vem por ai, na digitalização do rádio é só aguardar. Sou bastante otimista quanto ao rádio, pois nas maiores crises que enfrentou na sua história sempre achou soluções para continuar sendo a mídia da emoção e o maior companheiro dos brasileiros.